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FGTS: um saque para reaquecer a economia


O Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), criado para proteger o trabalhador e indiretamente ajudar o governo a financiar obras de habitação popular, saneamento e infraestrutura a juros baixos, passou a ter novo destino. Em uma ação inédita, o Governo Federal disponibilizou a mais de 30 milhões de trabalhadores o saque integral ou parcial do saldo de contas inativas do FGTS com o objetivo oficial de ajudar na quitação de dívidas e reaquecer a economia. A expectativa é que os saques injetem no mercado até R$ 35 bilhões até o dia 31 de julho. Como os saques são disponibilizados diretamente aos trabalhadores, os mesmos possuem total responsabilidade e autonomia sobre como gastá-lo.

O Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e a Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) constataram que o destino do dinheiro sacado varia de acordo com a classe econômica. Enquanto 44% dos beneficiados pertencentes à classe E irão usar o dinheiro para quitar suas dívidas, esse valor cai para 38% nas classes D e C. Atualmente, 59 milhões de consumidores estão com o nome sujo no país (40% da população adulta). Paralelamente, 20% e 31% das classes A e B pretendem poupar. Com menos dívidas e mais dinheiro no bolso, o comércio de todo país retoma a esperança de reversão de um início de ano ruim.

No intuito de atrair os consumidores, diversas lojas varejistas estão emplacando combos e promoções que variam entre 5% e 40% de desconto, buscando um aumento no volume de negócios da ordem de 10% a partir deste mês. Lojas de móveis já tiveram aumento de 20% na receita 3 dias após a liberação do fundo, enquanto a venda de celulares cresceu 30%, elevando as vendas em 6% em grandes departamentos. Outra aposta dos varejistas foi o Dia do Consumidor. Parecido com a Black Friday, tal evento foi criado para estimular as vendas do e-commerce brasileiro por meio de descontos que chegaram a 60% em sites na web e, nesse ano, gerou um faturamento de R$ 271 milhões, 12% maior se comparado ao ano passado.

No final do dia, independentemente de onde foi empregado, certamente esse dinheiro beneficiar muita gente. O Ministério do Planejamento, inclusive, espera que seu impacto seja de 0,7% sobre o PIB desse ano. Mas será que as pessoas sabem mesmo o melhor destino para dar a esse dinheiro extra? O nível de endividamento atual responde em parte essa pergunta. Tão bom quanto liberar saques, seria criar e desenvolver no País uma cultura de educação financeira de longo prazo, para que a população aprenda a administrar esse e os demais frutos do seu trabalho.

Coluna publicada em 28 de Março de 2017

Por Por Matheus Dilon, Lucas Resende e Weslem Rodrigues


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