A Relação EUA, China e México e a Posse de Trump: o que esperar?
Em dezembro, ressaltamos que os maiores impactos da eleição de Donald Trump à economia brasileira não deveriam vir das relações diretas de comércio e investimento entre Brasil e Estados Unidos, já que os maiores alvos de uma possível batalha comercial americana seriam China e México, respectivamente primeiro e segundo principais vendedores de produtos para o Tio Sam (com faturamento, em 2015, de US$ 483,2 bi e US$ 296,4 bi respectivamente). Preocupada com a ameaça do futuro governo americano de sobretaxar os carros importados do México, a montadora Ford, antes mesmo da posse do polêmico presidente, já reposiciona investimentos da ordem de US$700 milhões, que seriam feitos numa planta no México, para Michigan, nos EUA. A tensão agora recai sobre a Toyota, após a decisão da montadora de investir US$ 1 bilhão numa planta na região central do México e não em Baja, na Califórnia. Certamente a China enfrentará os mesmos riscos em outros setores.
A implementação de barreiras aos produtos de origem mexicana e chinesa pelos EUA, no entanto, não é trivial. Isso porque China e México também são grandes compradores de produtos americanos e retaliações podem ocorrer. Se, a despeito desse risco, as políticas protecionistas forem implementadas, haverá um enfraquecimento nas economias envolvidas, com impactos indiretos na economia brasileira, envolvendo principalmente as exportações de minério de ferro para a China.
Dados da Secretaria de Comércio Exterior mostram que a China é a maior parceira comercial brasileira. Em 2016, as exportações brasileiras para o país somaram US$ 35,13 bi, com destaque para soja (US$ 14,38 bi), minério de ferro (US$ 7,20 bi) e óleos brutos de petróleo (US$ 3,90 bi). No mesmo período, as exportações com destino ao México somaram cerca de um décimo desse valor: US$ 3,8 bi, porém são importantes especialmente para o setor automobilístico, com vendas de veículos automóveis (US$ 455,31 mi), motores (US$ 92,50 mi), chassis com motor (US$ 89,52 mi) aparecendo como os principais itens exportados, além de minério de ferro (US$ 135,92 mi). Os números são importantes para um setor que sofreu bastante com a queda na demanda interna em 2016, como foi o automobilístico.
Coluna publicada em 17 de Janeiro de 2017
Por Wilson L Rotatori, Matheus M. Carvalho, Vinicius Nardy e Josiele Nunes.