Comprando nas nuvens
A criação de uma loja virtual deve ser encarada pelas empresas não apenas como uma nova tendência, mas principalmente como uma maneira de aproveitar oportunidades inviáveis ao comércio tradicional. A maior é expor todos os produtos 24h/dia para milhões de consumidores a um custo ínfimo quando comparado aos aluguéis e salários em um centro comercial. Para os consumidores, as vantagens vão desde comprar sem sair de casa à possibilidade de comparar dezenas de produtos e preços quase que instantaneamente. Ainda que persistam algumas desvantagens, como a possibilidade de extravio de informações financeiras (número de cartão de crédito e senhas) e a compra de produtos que não satisfaçam plenamente as expectativas, as consequências não chegam a ser tão danosas.
Tradicionalmente, bancos e administradoras de cartões não costumam penalizar consumidores por dados bancários extraviados, ressarcindo o cliente dos prejuízos por completo; e o código de defesa do consumidor garante a devolução sem custos de qualquer mercadoria comprada online até 1 semana após a entrega. Segundo o instituto de pesquisa Forrester, o segmento de e-commerce, hoje com faturamento de R$ 46,3 bilhões, dobrará sua participação no varejo brasileiro até 2021, crescendo em média 12,4% ao ano. A empresa Google visualiza algo muito similar, com o e-commerce chegando a 9,5% das vendas do mercado nacional até 2021. Esse crescimento é viabilizado pelo aumento de usuários de internet do Brasil. Atualmente, cerca de 124 milhões de pessoas (60% da população) estão conectados à internet. Até 2021, o número deve chegar a 151 milhões de internautas e alcançar 71% do país.
Grandes eventos também mobilizam os consumidores a comprar pela internet. No próximo dia 25/11 acontece no Brasil mais uma edição da Black Friday, famosa campanha americana de vendas diversas com descontos que podem chegar a 80%, que desembarcou no Brasil em 2010. A ABComm (Associação Brasileira de Comércio Eletrônico) espera que dois em cada três internautas brasileiros façam compras durante o evento, desembolsando R$ 2,14 bilhões (18% a mais que no ano passado) em 7,63 milhões de pedidos com ticket médio de R$ 280. Apesar do cenário econômico ainda desfavorável, com quedas no volume de vendas do comércio e no emprego (IBGE), os consumidores parecem realmente mais esperançosos, como revela a sexta alta consecutiva no Índice de Confiança do Consumidor (FGV) em novembro, o melhor resultado desde outubro de 2014.
Coluna publicada em 15 de Novembro de 2016 Por Lucas Resende e Matheus Dilon
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