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Construção Civil: desafios e transformações para continuar a ser a locomotiva da economia

O setor de construção civil é responsável por todas as edificações construídas e sua cadeia produtiva se subdivide em três categorias: materiais de construção (matéria-prima para obras), edificações (casas, apartamentos e lojas) e construções pesadas (fábricas, estradas, aeroportos, portos e outras infraestruturas). Por ser um setor que utiliza um grande contingente de trabalhadores e uma ampla cadeia de fornecedores não é de se surpreender que seu crescimento/decrescimento influencie direta e fortemente nos resultados do Produto Interno Bruto (PIB) da nação.

O sonho da casa própria para as famílias brasileiras atuou como um dos pilares da estabilidade econômica. Por muitos anos, o financiamento residencial vem sendo um parceiro para a realização desse sonho e, portanto, para movimentar a economia. Contudo, devido ao cenário macroeconômico adverso e sucessivas quedas na captação de recursos destinados à sua compra através da poupança e do FGTS, à medida que, respectivamente, as pessoas passam a buscar maiores rendimentos em outras aplicações e ficam desempregadas, a expansão da oferta de crédito barato da última década contrasta agora com um movimento de contração e oferta de crédito caro.

Apesar de ainda empregar 2,76 milhões de trabalhadores, somente nos últimos 12 meses o setor demitiu outros 465 mil, voltando a patamares registrados em 2009. Junho, foi o vigésimo primeiro mês consecutivo de quedas no emprego do setor. Segundo o SindusCon-SP e Anamaco, as maiores reduções ocorreram no Nordeste e Sudeste, respectivamente, -1,51% e -1,48%. O setor apresenta alguns sinais positivos, como a queda do pessimismo em relação ao comportamento futuro da produção e vendas. Julho foi o terceiro mês consecutivo de alta das vendas de material de construção, com um crescimento de 8,5% em relação ao mês anterior e 4% em relação ao mesmo mês de 2015. Dessa forma, a entidade espera uma reversão no saldo anual das vendas em dois meses e um crescimento de 5% sobre 2015 até final do ano.

Os indicadores de junho da Abrainc-Fipe revelam que o mercado imobiliário chegou ao seu pior momento desde 2004. Houve queda de 13,9% na venda de imóveis no primeiro semestre de 2016 quando comparado ao mesmo período de 2015, ainda que os lançamentos e entregas de imóveis se apresentem, nessa ordem, 10,4% e 3,5% superiores no mesmo período. O distrato, ou seja, o não fechamento da compra por razão de não conseguir financiamento bancário ou desinteresse no momento de conclusão da obra, quando comparado os últimos 12 meses, teve aumento de 3,2%, ocasionando a devolução de 47.018 imóveis. Ainda assim, o distrato está ocorrendo em menor volume que em 2015, período no qual a cada cem imóveis vendidos, 41 foram devolvidos.

Um outro fator que também impactou o setor é a necessidade de cada vez menos espaço a partir da formação de famílias menores, elevado custo do metro quadrado construído e maior preocupação com desenvolvimento sustentável, fez com que o Sebrae lançasse em seu Boletim de Tendências de junho de 2016 um alerta a profissionais da construção civil para uma nova tendência de mercado: a “mini casa”. Essas construções de alvenaria ou container variam de 15 a 50 metros quadrados são capazes de oferecer qualidade, segurança, conforto e mobilidade a seus moradores. Custando a partir de R$ 63 mil no Brasil, esse novo produto começa a surgir como uma alternativa de moradia oferecido por construtoras nacionais. Assim, mais uma vez a criatividade está na mesa para retomar o crescimento do setor, quer seja, na utilização de matéria-prima, no tamanho das casas, ou estratégias de financiamento.

Coluna publicada no dia 23 de Agosto de 2016 Por Kamilla Menezes e Matheus Dilon – Email para: cmcjr.ufjf@gmail.com


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